sábado, 27 de fevereiro de 2010

Meu eu de mim...


E aqui estou. Inebriada a esse vazio, que consome aos poucos a minha massa inexistente. Achei que se escrevesse, poderia fugir um pouco disso tudo, mas tropeço em mim a cada palavra escrita. Cada instante ao meu lado é um pequeno inferno, pois sempre sinto que estou num processo que está sempre em processo de sei lá o quê.
Eu, intoxicada de mim e por mim, sem ao menos entender a ameaça que sou por não ser ameaça. Carrego comigo máscaras transparentes que me enganam quando penso enganar alguém. É a minha armadura de vento, que diz me proteger só por fora. E por dentro? Como é que eu fico? Como, devoro cada pensamento que não me deixa existir. Mas eu nem sei se quero existir, pelo menos não em mim.

O meu (des)necessário...


Cada coisa que eu descubro. Que você não me conta. Penso logo: Mentiu! Mas é mentira minha. São essas coisas desnecessárias que eu nunca te conto. E que você nunca me conta. E o que me atraí nelas? É o simples fato de serem desnecessárias. Por isso preciso. Por isso preciso tanto. E exijo de mim uma (re)ação. Mas não vale se vier dor. Aí não faço. Não falo. Espero o próximo silêncio. E faço sinal para descer.

Respiração...


Respiro a ação da respiração. Que é levemente pesada. Ora pela boca. Ora pelo nariz. Ora pelos dois modos. E afeta tudo. Até mesmo o afeto que eu tenho por quem respira. Me incomodam os segundos que são precisos para voltar ao meu normal. Mas o meu normal é sempre o mesmo. Não há como se (re)voltar ao que era antes. Porque a ação de respirar é reação de quem está vivo. (Terceira lei de Newton). E quando não quer, respira mesmo assim? Respira de todo jeito. Até do jeito que inspira em mim. A palavra. Calada. A que se diz internamente. Enquanto o ar percorre os pulmões. E respira. Para fora da boca. Quase caí. Quase esqueço que é gasosa. E some. E volta. Eleva. (Eleva mesmo). E trás. Aí a respiração ofega. Mas não é nada libidinoso. É a ponta do desespero que se esconde atrás da máscara. Que é o próprio rosto.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

É no vinho, que ando morrendo...



Suspeito que o vinho não é só vinho. É sozinho. Porque (trans)parece a solidão. A de um líquido embebido no co(r)po (pro)fundo da boca. Que é como a segunda taça. Orgânica. Orgástica. Que de vez em quando pensa. E por conseqüência morre. Morre na cor do vinho. Mas volta no cor-ação.

Em todo [meu] canto...


[Em baixo]

Sustento o evento que um dia veio parar em mim. E invento que é leve. “A insustentável leveza do ser.” Mas não elevo a dor. Nem minto. Nem alimento o bicho-amor.

[No meio]

Borboletas no estômago. Se esbarram nas cores transparentes. (E na comida mal mastigada.) E sobem. E descem. Ativando todo o sentido sensorial do que não se sente. Por fora.

[Em cima]

Onde pensa que se pensa. E não controla. Porque é contra o controle. E tudo fica irracional. A razão perde a vez. E regredi ao invés de progredir. Porque o amor é uma agressão.