Meus olhos abriram-se no perigo da realidade. Havia um peso inconstante nas minhas pálpebras. E a cada movimento monótono de vê e depois não vê, doía e depois não doía mais. E eu só queria entender como eu poderia estar tão cinza. Todas aquelas cores que eu havia criado com minhas próprias mãos, estavam agorapor aí, enfeitando a vida de alguém - com um outro alguém (quem sabe?).Resolvi então me recriar, recreando-me nas ilimitações de um inventor. E me inventar.( Mas se me inventasse não seria eu uma mentira? Uma pequena mentira minha!)Eu nem hesitei. Brinquei. Brinquei. Brinquei. E quando estava quase pronta para novamente aflorar o beija-flor não mais me quis. Eu desbotei. O cinza me quis. E fechei os olhos na tentativa de viver do teu verde. Mas eu não coube nas tuas cores. Não mais. Foi então que eu entendi. Eu caí na abstração do amor.